O milho transgénico     

 

 

 

Do milho normal ao milho transgénico

O milho é um cereal cultivado em grande parte do mundo e é extensivamente utilizado na alimentação humana ou como ração animal devido às suas qualidades nutricionais. Na indústria pode ser usado como componente para o fabrico de rebuçados, biscoitos, pão, chocolates, geleias, gelados e maionese. O milho constitui um dos alimentos mais nutritivos que existem, contendo quase todos os aminoácidos conhecidos, à excepção da lisina e do triptofano.

O milho é cultivado em diversas regiões do mundo e a sua produção mundial chegou aos 600 milhões de toneladas em 2004. Os maiores produtores mundiais deste cereal são os Estados Unidos da América.

Existem várias espécies e variedades de milho, todas pertencentes ao género Zea. Dentro deste género existem diversos tipos de milho tais como: Zea diploperennis, Zea luxurians, Zea necaraquensis, Zea perennis entre outros. No entanto não é de nenhum destes tipos de milho que vamos falar. Falamos de tipos de milho geneticamente modificados como: MAS 483, PR38A24, Belbranco, Zimapan, Evolia, PR34N43, Aristo, DK 573, DK 532, PR34G13, entre muitos outros. São dezenas de tipos de milho resultantes, não de mutações, selecção natural e evolução divergente da espécies como os anteriormente referidos, mas de experiências de laboratório e manipulação genética.

 

História

O milho é a espécie vegetal mais utilizada para pesquisas genéticas. Em 1940, Barbara McClintock ganhou o Prémio Nobel da Medicina pela sua descoberta de “transposons”, enquanto estudava milho.

Algumas variedades não comerciais e selvagens de milho são, desde há muitos anos cultivadas ou guardadas em bancos de germoplasma para adicionar diversidade genética e fazer testes genéticos durante processos de selecção de novas sementes. No entanto, este milho geneticamente modificado que começou apenas por ser matéria de experiências genéticas passou progressivamente a servir como ração para os animais e, actualmente, chega cada vez mais aos nossos pratos.

Como a utilização do milho é, em grande parte, para ração animal, foi relativamente fácil a implementação de milho transgénico nestas rações, pois, tratando-se de animais, esta utilização foi rapidamente aceite sem grandes contestações ou polémicas e também porque as vantagens económicas eram evidentes. Da utilização em rações à generalização do uso do milho transgénico foi um pequeno passo, e actualmente podemos estar facilmente expostos ao consumo de milho geneticamente modificado. Isto pode ser feito quer por via dos referidos animais que se alimentam à base deste milho modificado e que indirectamente, quando consumimos produtos derivados destes animais, estes podem conter vestígios ou efeitos negativos destes transgénicos (facto ainda não comprovado); quer, mais recentemente, através do consumo de produtos que contenham na sua composição milho modificado como rebuçados e maioneses ou mesmo do consumo de milho enlatado. Isto porque actualmente é já permitida a utilização de um grande número de variedade de milho geneticamente modificado em produtos alimentares, desde que esse facto seja referido no rótulo do produto.

 

O milho transgénico

Actualmente a produção de milho é uma das mais difundidas entre as de alimentos transgénicos. Nos EUA, mais de 70% do milho semeado é transgénico e a utilização desta semente transgénica tem sofrido um elevado crescimento em todo o mundo, embora nem em todos os países o cultivo dessas variedades seja legal. Há ainda países como as Honduras, onde as variedades transgénicas do milho "contaminaram" as variedades locais, por terem começado a ser cultivadas sem os cuidados e restrições necessárias.

O tipo de milho geneticamente modificado mais utilizado, é também conhecido por milho BT, pois o gene inserido na planta provém de uma bactéria chamada Bacillus thuringiensis. Esta bactéria produz uma espécie de “veneno” que mata os insectos nocivos após estes se alimentarem do milho. Esta técnica permite que deixe de haver destruição dos campos por parte dos insectos, e assim deixa de ser necessário utilizar insecticidas, muitas vezes tóxicos. Uma das variedades transgénicas mais conhecidas deste milho é desenvolvida pela empresa americana Monsanto (empresa do ramo das sementes agrícolas, que se especializou na comercialização de sementes transgénicas) e é conhecida como RR GA21 (tolerante ao herbicida glifosato). Esta variedade é utilizada extensivamente nos Estados Unidos.

No entanto existem outros tipos de milho geneticamente modificado, com outras características específicas para além da resistência aos insectos. Actualmente existem variedades de milho modificadas para terem elevada produtividade, outras com percentagens de humidade à colheita alteradas e ainda com épocas de colheita mais precoce ou tardia que o normal.

Estudo

Em 2005 foi publicado um estudo realizado pela empresa americana “Monsanto” e pela plataforma “Transgénicos Fora do Prato” acerca do milho transgénico MON 863. Este milho Bt (chama-se Bt porque produz uma determinada toxina que mata a praga chamada broca do milho), propriedade da própria Monsanto, foi dado a comer a um grupo de ratos. Outro grupo de ratos foi alimentado com milho convencional (não transgénico). A comparação entre os dois grupos de ratos encontrou quatro grandes conjuntos de diferenças estatisticamente significativas:

- Número de glóbulos brancos totais, basófilos e linfócitos (variações na contagem destas células do sangue podem indicar vários problemas, como infecções e inflamações);
- Só nas fêmeas: número de glóbulos vermelhos, reticulócitos e concentração de hemoglobina; albuminas, globulinas, colesterol e triglicerídeos;
- Só nos machos: diferenças em proteína total, albuminas, globulinas, alanina amino transferase, cálcio, cloro, glucose e creatinina;
- Lesões significativas nos rins e fígado (nos animais sujeitos ao milho Bt).

Depois deste estudo, também um grupo de especialistas em engenharia genética franceses da Universidade de Rouen em parceria com a Greenpeace realizaram em 2007 um estudo com o mesmo tipo de milho em ratos. Verificaram igualmente que o milho causou problemas mostra problemas hepáticos nas fêmeas, que engordaram, enquanto os machos sofreram problemas renais que os fizeram emagrecer. Nos fígados das fêmeas foi detectado também um aumento da taxa de açúcar e 40% da de gordura no sangue e na urina dos machos, foram detectadas variações importantes das taxas de sódio ou fósforo.

Apesar disto o milho MON 863 está autorizado na Europa para a alimentação animal desde Agosto de 2005 e para o homem desde Janeiro de 2006. A Agência Europeia de Segurança Alimentar deu luz verde ao MON 863 em Abril de 2004, após julgá-lo "tão seguro quanto o milho convencional".

 

Vantagens e desvantagens

Vantagens:

·         O agricultor já não necessita de utilizar insecticida para matar os insectos;

·         O ambiente circundante já não é, deste modo, exposto a grandes quantidades de insecticida nocivo;

·         Aumento da produtividade;

·         Existência de diferentes tipos de milho cada qual com as características desejadas e vantajosas.

Desvantagens:

·         Existe o risco de os insectos indesejáveis desenvolverem tolerância ao veneno, tornando-se resistentes;

·         Existe o risco de se matarem outros insectos para além dos indesejáveis, como os insectos predadores que se alimentam dos insectos nocivos. Nos EUA, país que utiliza muito o milho Bt, existe um intenso debate dos seus efeitos nocivos sobre a bela borboleta Monarca;

·         Possíveis consequências negativas para a saúde (exemplo do milho MON 863).

 

PR34N43

A variedade de milho geneticamente modificado que vamos abordar mais em particular e o milho tipo PR34N43 da empresa Pioneer. (A plantação deste milho e as sementes podem ser vistas no separador “Plantação”). Este é um tipo de milho modificado com o objectivo principal de aumentar o rendimento da produção.

Dentro das várias classes que dividem as variedades de milho transgénico, o PR34N43 enquadra-se dentro da Classe FAO 500. Nesta classe, de acordo com estudos comparativos realizados entre os vários tipos de milho, o milho PR34N43 distingue-se como sendo um dos melhores em termos de rendimento.

Realizam-se frequentemente, mesmo em Portugal estudos comparativos dos vários tipos de milho, a fim de avaliar as suar características e definir os mais vantajoso para produzir.

Estudo realizado no Baixo Mondego em 2004:

 

Estudo realizado no Baixo Mondego em 2005: